terça-feira, 11 de novembro de 2008

Apenas pelo perdão...

'
Hoje, diferente de todos os dias, não quero te odiar. Quero perdoar você, com toda pureza da minha alma!
Quero apagar de vez todos os seus erros, esquecer todas as palavras duras e todas as promessas que não foram feitas. Fingir que não houveram propostas covardes nem atitudes inescrupulosas. Quero apagar de minha cabeça a sua mania de achar mais fácil me levar pra cama que andar por ai de mãos dadas. Quero te perdoar por nunca ter sido homem pra mim, e por jamais ter me mostrado isso. Quero te perdoar pelas mentiras, cinismos e egoísmo. Quero te perdoar por me fazer sentir usada, e me perdoar pelos momentos que apenas te usei [acredite, eles aconteceram, mas eu me perdôo por isso].
Quero me perdoar das vezes que me submeti a você, que submeti o meu amor a você. Quero nunca mais me condenar por ter ouvido suas ofensas e ainda assim te beijado. Quero me olhar no espelho e me libertar da culpa de ter acreditado mais em você que em todos outros. Quero respirar com leveza por ter sido pra você que me entreguei. Quero me absolver do peso de ter sentido tanto a sua falta e de ter resistido tão pouco a ela... e a você.
Quero te eximir das vezes que disse que me amava, e das vezes que me procurou. Quero te perdoar por seus olhares que me diziam milhares de coisas, seus abraços apertados e demorados, os carinhos que me fazia. Te desculpar por sempre ter sido tão prestativo a cada vez
que senti saudades, por ter sido disponível, por nunca ter resistido a nós dois. Perdôo pelas cenas de ciúmes que me faziam ver que ainda não estava preparado pra me perder. Quero também te absolver por todos os momentos deliciosos que me deu... do início ao fim.
Quero me conceder o perdão pelas tantas vezes que teimei e lutei por você, as vezes que chorei tentando te fazer entender que o que sentia era mais do que eu podia explicar. Quero não me condenar por todos os dias que, a cada vez que eu saia de casa, me arrumei pra te encontrar e ensaiei tudo que eu poderia te dizer... fossem ofensas, declarações ou mesmo palavras banais. E me remitir por todas as noites ter ido dormir imaginando se estaria bem, o que estaria fazendo, se ainda pensava em mim, rezando pra que eu parasse de pensar em você.
Quero de uma vez por todas nos desculpar pelas loucuras que fizemos e sentimos juntos. Por essa nossa história insana que fazia a gente se atrair um pro outro sempre que nos encontrávamos. Quero definitivamente nos perdoar por algum momento termos nos amado de verdade, um ao outro. Quero que minha história com você seja como a minha história com todos os outros que, assim como você, fazem parte do meu passado, mas diferente de qualquer uma que eu venha a viver daqui pra frente. Quero também nos perdoar por termos sido tão covardes, por termos nos deixado levar pelas vontades e opiniões dos outros, de outros que nunca fizeram parte de nossa história, ou sequer a acompanharam de perto. Quero esquecer que fomos nós mesmos que banalizamos o amor que a gente um dia sentiu pelo outro, esquecer que nós deixamos de dar importância de verdade pra vontade que ora ou outra sentimos de ter o outro do lado de verdade. Quero fingir que nunca demos mais valor a umas paixõezinhas vazias ou até mesmo pra solidão, em vez de considerarmos o quanto era gostoso quando estávamos juntos.
Mas não quero apagar você da minha vida. Quero que permaneça aqui, como alguém que faz parte de quem sou, que é também responsável por minhas aprendizagens e mudanças, alguém que participou da minha mutação. Mas nunca mais quero que tenha a mesma face diante de meus olhos. Quero que, diante desse meu perdão, toda a nossa história se dissolva, se desfaça e desapareça de minhas lembranças, pra sempre! Quero poder olhar pra você como eu olho pra uma criança que passa por mim segurando um doce, que não tem carga de rancor nenhum na minha vida. Quero ver você como alguém que nunca havia visto antes, a quem nunca pronunciei uma palavra de raiva, nem dediquei anos da minha vida. Quero olhar pra você e sentir uma profunda calmaria. Quero mesmo que sejamos amigos, nunca mais ex-namorados. Quero que seja mais um entre alguns outros. Quero que seja algo superado.
Quero te perdoar, me perdoar. Quero nos perdoar por termos insistido tanto! Dizem que o perdão deve ser dado àquilo que não nos acrescentará nada, que não terá futuro, nem nos renderá bons frutos... Já que nossa história perdeu a capacidade de ser promessa, acredito que já posso me desvincular dela com toda tranqüilidade de não estar perdendo nada. Não por ódio, não por indiferença. Apenas pelo perdão.


Texto: Carina Mota

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Colagens...

"Você me diz que eu te olho profundamente
Desculpe,Tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre, não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade de eu me inventar de novo.
Desculpe, desculpe se te olho profundamente, rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços,
A ponto de ver a estrada antes dos teus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos
Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente!"
(Recitado por Ana Carolina na turnê "Dois Quartos")


Quero teus olhos penetrando os meus olhos.
Quero o teu corpo penetrando o meu corpo.
Quero um mar de suor escorrendo em nós.
Quero tua lança me trespassando, arqueando meu corpo, rasgando.
Quero tuas mãos algemas.
Chaves perdidas.
Meu corpo engolindo, sem pausas.
Asas.
Tua voz na minha, dentro da boca.
Olhos penetrando, lança trespassando, corpo engolindo, boca consumindo.
Quero ir além e antes e depois.
Abrir as comportas e te afogar no meu deságüe, receber o teu mar e me alagar de você.
Quero os teus olhos penetrando os meus olhos até que tudo escureça.
Até que amanheça uma nova canção em nossas íris a que possas, finalmente, deitar à sombra dos meus cílios.

Extraído de http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoeticaerotica/679733

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Faltas e vícios...

.
Das piores dores que um ser humano pode viver, está a perda. Perder algo seja por querer se afastar de algo, seja em detrimento de outra opção, seja porque a vida resolveu te furtar, seja por qualquer razão, perder remete a nos esvaziar um pouco. Nenhum sujeito que eu conheci até hoje conseguiu mostrar-se capaz de viver dentro de um vazio. Qualquer lacuna na vida de alguém era sempre o motivo central para os seus desequilíbrios. A falta de alguém, a falta de um trabalho, a falta de dinheiro, a falta de experiências novas, a falta de amor, a falta de compreensão... qualquer dessas faltas sempre trouxe aos meus olhos imagens de pessoas vulneráveis ou completamente arredias na necessidade de se mostrarem seguras, mesmo que somente para os outros.
Algumas coisas na sua vida são como droga: quanto mais você faz, vive, usa, tem... mais vicia. E o maior dos problemas é que, algumas coisas na nossa vida parecem tão necessárias que nos prendem pelas pernas.
Parei por alguns segundos para analisar todas as minhas lutas para reconquistar coisas que perdi. As mais intensas, sofridas, as que mais perduraram, aquelas para as quais mais analisei possibilidades de ter maiores sucessos foram relacionadas às minhas relações amorosas. Todas as paixões e amores que vivi me tiraram o fôlego, antes, durante e depois de acontecerem. Mas falo de envolvimento, não de companhias que inventamos para sobrevivermos à maldita falta de alguém ou de algo. E todas essas experiências me fizeram perceber que quanto mais eu as buscava menos capaz de viver sem elas eu me tornava. Cada homem por quem eu lutei me fez refém enquanto se distanciava gradativamente de mim. Percebi que de todas as armas que eu usei, a menos eficiente foi atacar claramente. Quanto mais eu sentia estar próxima de recuperá-los, mais distante de mim eles ficavam. E quanto mais próxima eu me sentia, mais armas eu buscava pra reforçar minha luta. E isso era gradativo, viciante. Em semanas minha vida se resumia em “reconquistar o sujeito X”.
Esses dias então, parei pra olhar essas situações de uma forma mais crítica. Todo mundo fala, palpita, impõe: LUTE PELO QUE QUER! Certo, certíssimo. Mas como? Cada passo que dei me amarrou ainda mais em situações que progressivamente fugiam de minhas mãos. Me desarmei cada vez mais, mergulhei, me entreguei e fiz desses homens, que mais tarde seriam os maiores problemas da minha vida, os maiores conhecedores de quem eu sou. É fato: quando alguém descobre o mistério que te envolve, você vira peça sem brilho. O interessante da vida é descobrir o que está por trás de cada um. É justamente essa falta que nos move. Mesmo durante o relacionamento, quando tudo ainda vai bem. Falta saber como ele se comporta longe de você, falta saber se ele resistiria a sair pra aquela festa bombada porque sem você não tem a menor graça, falta saber se ele fala pros amigos que tem vivido dias incríveis ao seu lado, falta saber se ele perguntou pra mãe o que ela acha dele te levar pra passar o dia de ação de graças com ele na casa dos avós. Falta saber o que entre vocês prende ele a você. Ou o que os afasta. E quando um relacionamento acaba, é justamente porque faltou algo. Alguma comunicação, alguma atitude, algum olhar, algum toque, ou mesmo algum momento em que era necessário estar em silêncio. Esclarecer essa dúvida é interessante, mas convencer alguém de algo é estranho. Passei relacionamentos tentando convencer ex-namorados de que fui mal interpretada, de que gostava mais do que parecia, de que percebi que sentia saudade demais, de que não sabia mais viver sem eles. Entreguei de bandeja verdades que foram tão esclarecidas que perderam a graça. Ter segurança em algo é importante para que um relacionamento engate, mas ao mesmo tempo amar é conquistar diariamente, conquistar é alcançar aquilo que ainda é distante, aquilo que ainda não é seu, aquilo que é desconhecido. É a dinâmica da vida, em todos os setores.
Hoje entendi que sentir falta é algo comum a todo ser humano. Que todas as coisas que perdemos, nos pedem luta. Que toda luta tem momentos e formatos certos de acontecer (não é regra, é dica). Entendi que de tanto lutar por certas coisas, acabei me viciando nelas. E que tudo que queremos, quando lutamos, só será nosso se tiver de ser. Ninguém convence ninguém de querer amar, de querer sentir saudade, de querer estar do lado. É preciso apenas esclarecer, não impor.
Agora, dia após dia, luto contra minhas abstinências. Quando a falta dói, choro, choro, choro... até que as lágrimas sequem. Depois, levanto, olho pra mim mesma e penso: é só mais um vício, mais uma droga que precisa ser vencida.
Viva suas faltas, conquiste mais um pouco de si e pra si todos os dias. Mas não se deixe ser levada pelo que outras pessoas fazem disso. Não permita que alguém use de suas faltas pra suprir as delas.
Entenda que quando falta algo em sua vida, sua luta deve servir pra te somar, não te subtrair.




Texto: Carina Mota
Imagem: Alone Gut

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobre amar...

...e hoje resolvi me permitir pensar em amor, em amores... e mais que isso, senti vontade de escrever sobre eles.
Amar é algo tão louco... diante das inúmeras coisas que já se foi escrita, das imensuráveis experiências já vividas, das tantas histórias já ouvidas, do fato dele existir antes mesmo do que se pode imaginar, ainda assim, parece à nós, novidades cada vez que nos deparamos com o fato de amar, gostar ou simplesmente querer alguém... somos todos aprendizes, eternos aprendizes do amor. Mesmo com aqueles que fazem parte de nossas vidas há anos, mesmo com aqueles que dormem e acordam ao nosso lado, mesmo com aqueles que conhecemos como a palma da nossa mão, quando pomos um pouco desse amor em jogo ou em prosa, tudo muda de cor e de face. E não saber o que fazer com isso tudo é a maior tormenta de qualquer ser humano. O risco de perder quem se ama, de nunca ser amado, de nunca ter amado, de estar a muito preso num amor que não responde às suas expectativas [sendo que o amor é sempre, sempre, invariavelmente, produtor de frutos, que não sejam pro outro, mas pro seu próprio coração]. Amar é um constante conflito.
Mas hoje, dessa vez, eu não quero soluções, não quero respostas. Hoje quero dimensões, extensões, perder a noção de espaço e de limite do quanto de mim já não é mais só meu. Quero pensar no quanto de mim eu já doei, compartilhei, perdi nas mãos de outro alguém. Quero renovar a sensação de ser mista, de ser mistura, de ser um todo inteiro de partes diferentes. Quero reacender a idéia de que meu livro tem páginas de variadas cores, tamanhos, perfumes... com histórias diferentes escritas com caligrafias incomparáveis uma as outras. Quero me permitir sentir na boca o sabor de tudo que já foi meu, e que hoje é de mim, que hoje me constitue. Nunca tive problemas em assumir que sou o todo feito das partes que já passaram por minha vida, nunca consegui aceitar a idéia de rejeitar algo que pra mim foi excepcional em determinado momento. Adoro a sensação de continuidade, de saber que passei por situações que ficaram pra trás, mas que me trouxeram pra frente. Acho uma delícia visitar o passado, rever fotos e sentimentos, perceber o quanto de mim mudou desde o dia em que aquela cena aconteceu. Adoro reler cartas, ouvir músicas, sentir perfumes, tocar mãos que despertaram em mim sentimentos inexplicáveis e indescritíveis. Perceber a sua própria evolução é algo primoroso... e o que me orgulha de tudo isso é que sofri muito, o bastante pra me tornar dura e áspera. Mas consegui, ao longo das minhas quedas, me reerguer ainda mais sensível ao meu coração, enxergando pessoas como história e razão, onde a vida de cada um explica muito mais do que se pode contar.
Tenho amado muito ultimamente, amado de dor, amado de alma... amado com toda energia existente em mim e no que me ronda. Tenho pensado em cada instante que vivi, e a cada momento do meu dia, na intensidade dos amores que já tive e do que tenho hoje. É assustador esse processo crescente que se instala dentro da gente a cada vez que nos apaixonamos por alguém. Perdi a capacidade de gostar, de simpatizar... e junto com isso, perdi também a tolerância ao pouco. Me aceitei como um ser de intensidade. De demasia, de extremismo, de inteireza, de plenitude. Quero forte, quero muito, quero intenso. Quero sentir no ar o cheiro de estar apaixonada, quero ver no espelho os olhos brilharem, quero tremer na carne, quero arder na pele, quero respirar saudade e sentir gosto de paixão. Quero enlouquecer, quer viver ao pé da letra a sensação de amar alguém. Não mais aceitar alguém, não mais estar ao lado de alguém, nunca mais apenas ter um companheiro pra sair, beijar, e aprender a gostar.
Quero impacto, gosto do impacto.

Texto: Carina Mota

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Amor...

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar
Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor

Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Texto: Paulinho Moska

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Estava nesse exato momento pensando em escrever algo que despertasse em mim a leveza que sempre busquei em minha vida, algo que pudesse me transcender, elevar e purificar de meu peito toda essa constante sensação de lacuna, desejo contido, sonhos irrealizáveis, frustrações e todos os demais fantasmas de eras atrás.
Hoje, com esse sentimento de plenitude, não de vida, mas de pessoa, sinto que posso sim, me permitir abstrair de falhas e dores, de lagrimas de saudades que despertavam dor, e dar a elas uma cor diferente, que nunca tiveram antes. Pegar os retalhos de minha vida, cada caco de vidro que se quebrou, cada folha de papel arrancada e rasgada, juntar tudo e ver que bela obra de arte se criou. Perceber em cada traço e cada nota musical o quão bela me tornei.. e quão firme também. Dar-me hoje, mais que nunca, a ousadia de falar bem, muito bem de mim. Dar-me ao luxo de elogios e admirações até exacerbadas. Mas acima disso, falar do que me preenche duma forma que possam perceber que não apenas sofri, não somente morri durante todo esse tempo de minha tão original trajetória de vida. Ver-me de frente, não de cima, nem de baixo. Ver-me de olhos molhados, mas não de lagrimas, e sim de um brilho único e radiante. Ver o quanto me tornei mulher, e quão bela é a minha menina. Relembrar com coragem e sinceridade das minhas maiores derrotas, e refleti-las nas mais importantes conquistas da minha vida, aquelas que enriqueceram, antes de meu bolso, a minha alma, o meu álbum de fotografias ou até mesmo o meu arsenal de historias pra contar. Retocar momentos em que a covardia me fez vitima ou a vaidade me fez heroína. Perceber o quanto ser eu mesma, sem adições ou subtrações soa belo e saudável. Entender que me criei só, me montei aos poucos, e que ainda me preencho ao passar dos dias e dos fatos, mas, dentro de minha verdade, já sou imensa. Em tão poucos anos de vida tornei-me senhora do meu destino e mãe de meu passado. Antes, quando me considerava tanto, permitia que a minha teimosia me postasse diante de caminhos que nunca davam em lugar algum. Hoje, banhada por minha vontade de nunca reviver coisas insignificantes ou de pouco valor e futuro, dou preferência ao risco e à renovação.
Depois te tanto, muitas caras manjadas mudaram de cor e de forma [principalmente de forma], muitos rostos novos surgiram em minha frente... e muita permissão me foi concedida para ir adiante, vívida e radiante da minha certeza de poder chegar além. Conheci tanto do que sempre fez parte de minha vida e assim amei muito mais algumas coisas e esqueci outras sem que ao menos pudesse perceber, mas em minha naturalidade não me dei liberdade de odiar, aprendi que não devo me diminuir a ponto de odiar nada nem ninguém. Dei-me conta do peso da indiferença e que esta, comparada ao ódio, fere bem mais... e na maioria é bem mais merecida e conveniente. Vi limpidamente quantos me eram inteiros e reais, quantos permaneceram pegados às minhas mãos, mesmo quando eu os virei às costas, e quantos [e tantos] movidos por seu grandessíssimo egoísmo negavam dividir comigo mesma o meu próprio coração e destino. A quantos desses eu dei minha pura confiança, a quantos fechei meus olhos e abri meus braços...? Nem mesmo eu me lembro. Mas hoje, relendo esses trechos de meu passado, agradeço a cada um que fez de mim maior que eles, que serviram de calço para aquela perna manca, para aquele erro meu que me impedia de andar um pouco mais rápido e alcançar àqueles que estavam a minha frente. E olhando pra trás, vejo que estes de quem vos falo se mantêm exatamente onde eu os deixei... tanto em minha vida quanto na deles mesmos. Mantém-se em busca de outros e mais outros que possam viabilizar a eles uma oportunidade de sentirem-se grandes, mesmo sabendo que não são.
E assim, quando me encaro, me sinto, me ouço, me leio, me canto.. quando cedo um pouco de tempo a mim mesma, floresce em meu peito um sentimento que não pode ser explicado por quem não viveu, estando em meu lugar, a vida que levei. Desperta aqui dentro algo que todas as palavras já ditas e ouvidas juntas não transcrevem, mas que eu, e somente eu sei teu significado. E isso me deixa ainda mais feliz e à vontade, pois diante de todos os relatos e segredos de minha história notei o quão perigoso é se deixar ser vista sem roupas e pinturas. Eu, que nunca tive medo dos que me conhecem, que sempre temi mais àqueles que não se mostram, percebi, dentro dessas experiências que NINGUÉM me conhece, pois todos me distorcem [seja pro bem ou pro mau] e por isso, mostrar-me tão nua é um risco que não devo correr novamente.



Texto : Carina Mota, em 6 de fevereiro de 2008 ; 00:27:28

A gente aprende...

Aprendi que às vezes sou pouco para os que valem à pena.
E muito pra os que pouco merecem. Que a vida não é cruel comigo,
Eu sim sou cruel com minha própria vida em determinados momentos. Que se doar a alguém, não significa que estarei perdendo uma parte minha,
Mas ganhando mais alguém dentro de mim mesma. Que admitir erros dói (de verdade!!),
Mas purifica o meu ser e me faz sentir vontade de querer ser cada vez melhor! Que nada que temos fácil fica na nossa vida. Coisas especiais são almejadas por muitos
E merecem um esforço significante para serem conquistadas. Aprendi também que a gente dá aos outros o que a gente é. Se dou amor, sou um enorme coração. Se dou mentiras, sou pobreza de espírito. E mesmo querendo ser só o melhor,
Devo saber reconhecer quando às vezes sou apenas o pior! Que orgulho alimenta o ego e a vaidade, mas apodrece o espírito. E se não tomamos cuidado, um dia será tarde para voltar atrás. Aprendi (na prática!) que acaso não existe e o destino é severo.
E não importa aonde você vá. Se tiver de voltar um dia,
Esteja preparado! Que querer demais é tolice,
Os melhores momentos da nossa vida são os mais simples. Que na insistência de esperarmos tudo do outro,
Não damos nada de nós. Aprendi que não sou a única que me machuco e me decepciono. Todos que eu possa imaginar são humanos como eu
E esperam da mesma maneira ser feliz com alguém.
E que às vezes também os machuco. Aprendi que palavras não são tão pouco assim... Falar coisas bonitas faz muito bem a quem diz
E dão nova vida a quem ouve. Que lutar por algo que se quer não é humilhante,
Ainda que pareça e mesmo sendo difícil. Devemos ter vergonha de acatar qualquer futilidade por medo de correr atrás. Que quando damos a cara a bater, podemos receber um beijo inesperado... e MARCANTE!Ou pode acontecer o contrário. Doar um beijo e receber um tapa. Mas o ideal é saber separar as coisas: Não é porque o outro é mesquinho que eu devo ser também. Aprendi que coisas banais a gente ignora.
Alimentar sentimentos pequenos nos leva ao fundo do poço. Que a gente não precisa sorrir quando está triste, só pra satisfazer a necessidade de terceiros. Seus verdadeiros amigos vão entender que você é feito de emoções. Mas também sei que um sorriso sempre vale à pena.
Pode não parecer, mas mesmo quando tudo escurece por dentro,
Um sorriso acende uma ponta de luz no nosso dia!Descobri que amor é troca, e NUNCA disputa!! E o que eu mais aprendi foi que eu sou bem menos do que eu acreditava ser. Mas isso não significa que sou inferior e sim que tenho muito pra crescer nessa vida!!



Texto: Carina Mota [ em 18 de Janeiro de 2007 ]

Nua e crua... mas sempre lírica


Remexendo minhas coisas, vi quantos filhos as minhas tristezas e alegrias já geraram. Emoções, lembranças, desabafos, projetos... toda espécie de escrita já brotou de minhas mãos. E o prazer que isso me causa é inebriante! Diante disso é assustador e honroso perceber a minha paixão pelas palavras. A segurança de ter um confidente sigiloso e o fato de saber que nos meus momentos diante duma caneta e de um papel, ou sentada em frente ao computador crio uma relação de mim comigo mesma, onde ninguém consegue me desviar do meu eu, nada pode corromper minhas idéias, isso me deixa confortável e tranqüila de minhas conclusões posteriores a cada produto final.
Devo confessar que a minha face escrita é análoga à minha face comumente vista por qualquer um. Não por que escrevo um personagem, mas por viver, quase que invariavelmente dentro de pudores e regras que me solidificam como alguém que devo ser, mas que nem sempre quero ser. As entrelinhas da minha vida são um pouco mais profundas que todos os oceanos empilhados e talvez mais extensas que a linha do Equador. E só aqui, só assim me liberto, me permito e me conheço. Não me confino dentro de mim mesma, me expando, me dilato num horizonte que às vezes nem me compete, mas ainda assim desenho em mim bandeiras de possibilidades, torno meu querer vivo e licito, faço de mim chances e desejos, faço o que quero mesmo quando não posso. Vivo sem rédeas, sem concessões ou indeferimentos. Sou nua e crua, mas sempre lírica. Na verdade só aqui sou real. Vivo num mundo imaginário e num cenário conjuntamente construído e só debruçada em folhas e letras me sinto em casa, me sinto em mim.
Texto: Carina Mota

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Escolhas não são só escolhas... são decisões!

Cada dia que a gente vive é uma espécie de história. Quando vamos dormir encerramos um capítulo e iniciamos outro assim que despertamos. Cada dia a gente compõe a nossa vida com as atitudes que tomamos e as escolhas que fazemos. Dia após dia, está em nossas mãos o rumo que a nossa vida toma num determinado momento. Cedo ou tarde as escolhas que fizemos será refletida de maneira positiva ou negativa, cabe ao teor das nossas atitudes responder a isso.

Ultimamente tenho me preocupado bastante com as escolhas que fiz no passado. Com as coisas as quais me mantive presa. Com as pessoas as quais me mantive conectada.
Hoje, sóbria, digamos assim, me atento ao quanto me prendi em pedaços soltos, fixados no vazio, no vácuo, no já perdido... Penso hoje no tempo que perdi, no quanto dediquei de mim a um processo vão.

Olho pra trás e sinto vontade de me despedir. Apenas de dizer adeus. Aos meus desejos, aos meus choros, às minhas saudades, vontades, certezas.. e principalmente às minhas dúvidas.

Quis coisas com tanta convicção que acreditei que eram boas. Hoje sinto que nem eu fui boa quando as quis.
Bate uma sensação de mágoa. Não de alguém... aliás, de mim. Mas principalmente das histórias que eu construí querendo ser convincente pros outros de que eu fazia o certo. Sensação de dor, por ter investido tanto em algo que no fundo nunca seria lucrativo.

Mas apesar de pesada, também sensação de desligamento. Minhas asas voltam a nascer, e mesmo doendo um pouco no início, logo elas poderão me proporcionar vôos incrivelmente emocionantes e renovadores.
Tô me reerguendo, me refazendo... mas um dia chego lá!







"Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minha fonte, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim. Estou cuidando bem de mim"



(Meu Jardim – Vander Lee)

sábado, 12 de abril de 2008

Como uma onda no mar...

E lembrando das minhas histórias, me dei conta de que não preciso mais delas pra continuar. Tenho sido tão apegada às minhas saudades, às minhas lembranças, sem me dar conta de que o mundo vem girando na velocidade da luz. Volta e meia, me pego em surpresas e lições que me mostram o quão longe eu posso [e DEVO!] ir. Dou-me conta de que o homem que me ama [ama!!], não me quer só pelo vestido que estou usando esta noite, nem por aquele perfume que eu deixei incrustado no banco do seu carro, ou em seu travesseiro. Percebo que as delícias de estar com alguém, vão além do escuro de uma madrugada, mas estão também no nascer do sol e no fim de uma tarde. Companhia de verdade, é aquela que está com você, não a que fica com você. Prercebi também que me dei pouca conta de mim mesma, enxergando demais o outro, enxergando tanto, que acabei por ver o que não existia. Entendi que nem mesmo o amor resiste à certos ferimentos. Sei dentro de mim, que isso tudo é lição, é momento, é estadia. Uma hora vou querer voltar atrás, e voltarei. Mas prefiro, hoje, ver isso como um tour no meu parque de diversões predileto. Em contraposto, vou me alimentando de pessoas, histórias, momentos, beijos, abraços... vou marcando da melhor maneira a vida daqueles que quero por perto. Vou devagarzinho me abrindo em muitas pra que as novidades possam me encontrar flutuando pelo céu, por acaso, por acidente, e por sorte!
Acabei de lembrar de alguns sorrisos lindos que se abriram pra mim, de alguns olhares fortes, daqueles que prometem muita emoção, de alguns abraços que me tocaram por dentro... e de alguns adeus aos quais eu não dei muita credibilidade. Lembrei de beijos que me tiraram o ar, mas me rechearam de cor. Lembrei de mãos dadas, grudadas, que não se soltavam nem em meio à multidões esbaforidas. Lembrei dum silêncio perfeito, que qualquer palavra linda dita estragaria por completo aquele clima. Boa.. lembrei também dos climas! Pura sinergia, pura energia... troca, interação.
E vendo esse trecho de meu ontem, percebo o quanto de bom há no meu passado pra ser resgatado, mas que eu busco isso no lugar errado. Quero do mundo, respostas que não devo ter, espero do lugar errado a resolução de minhas pedências.
Resolvi fluir, literalmente... dessa vez a sério. Descobri o quão bom é saborear a vida, se desprender do nada!
E dessa vez, há de ser pra sempre!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Oscilando

‘Percebi em mim um grande problema...
uma infantilidade tamanha que até hoje não me deixou ser feliz.
Preciso urgentemente parar com essa minha psicologia disfarçada
onde eu procuro pessoas-problema para tratar achando que as tornarei melhores do que são...
Tenho que me dar conta de que meu coração precisa de amores, não de pacientes.
E que essa é a minha vida sentimental, não um consultório terapeutico.
Ainda acabo pirando nessa brincadeira...’





[...]



Estou me sentindo como um corpo morto. O peito está tão abafado, doído, agoniado... até respirar ta doendo. Não quero chorar, não posso mais chorar. Já cansei das tantas vezes que fiz isso, já não tenho mais cara pra me ver sofrer por esse mesmo motivo, mas por Deus, não sei fazer diferente... dói mais que saudade, que vontade recolhida, que lembrar, que sentir o vazio. Dói duma maneira que não sei definir. Perder uma vez machuca. Perder várias mata... e eu não agüento mais me perder nessa história. Perdi tanto de mim, tanto... e hoje já nem sei mais o que restou. E agora eu to me sentindo tão vulnerável, com tanto medo de passar por tudo aquilo novamente. Sofri tanto e superei tanto, e hoje estou aqui de novo, no mesmo lugar de onde eu achei que já havia me afastado às léguas. Passei todo esse tempo da minha vida presa numa caixa de espelhos que não me deixa ver nada além do que existe atrás de mim... à minha frente, nada! Dias e dias, horas de lamentação e tortura, de mágoas, choros, gritos e apelos à Deus e hoje eu vejo que continuo no mesmo maldito lugar. Não consigo pensar em mais absolutamente nada!! E me maltrata olhar pra trás e ver que de lá pra cá não construí nada além de expectativas... expectativas frustradas! Me sinto num vazio tão grande, que nem consigo enxergar o começo ou fim desse nada. Estou tão aflita, tão tensa, tão magoada. Me vejo caída no chão, como num desmaio, sem noção de nada, com medo de tudo. Um corpo frio e sem saber o que vai ser do próximo segundo. Uma vontade tão grande de dormir e acordar com tudo mudado, sem que nada disso tivesse acontecido... mas nem meu sono está em paz comigo hoje. O coração parece bater só pra manter o corpo, mas a alma se encolheu num canto qualquer aqui dentro, se escondeu dessa coisa toda por saber que não vem nada bom por ai, por já ter vivido esse martírio todo antes. Ai Deus... daria tudo pra saber como fazer as coisas que preciso pra estar em paz nos próximos dias da minha vida, faria tudo se pudesse. Mas não consigo ser diferente, não consigo mentir pra mim. Posso sorrir pra o mundo, mas o espelho me pega pela cintura, porque olhar em meus próprios olhos me põe de frente com o meu interior. E agora? Vai se repetir todo aquele inferno? Será que vou mais uma vez querer morrer pra fugir disso? Eu juro que queria esquecer, e tentei, me esforcei, mas é difícil demais, complicado demais... doloroso demais! Arrancar algo que me move, que me faz humana... é como se eu não pudesse arrancar isso do meu coração, e pra tê-lo fora de mim teria de me arrancar o coração pela raiz... e morrer. Tenho agüentado meios sorrisos, meias alegrias, meias entregas, meios beijos e abraços, meia felicidade... tenho agüentado viver pela metade, mas isso não ultrapassa minhas necessidades, porque nem sequer responde à elas. E ai? Faço como? Abandono tudo e encaro mais essa sozinha? Me finjo de bem resolvida e tatuo um sorriso amarelo em minha cara e peito o que vier pela frente, pra só chorar em casa, deitada em meu travesseiro quando enfim eu puder me sentir um lixo? Não sei mais... vivi isso por tanto tempo e ainda não sei lidar nem de longe com essa situação... e tenho pra mim que nunca vou aprender. A gente nunca aprende a perder o que se quer tanto... o que se ama tanto...


''Pessoas são como laranjas:
quando verdes são azedas e nós, na pressa de apreciá-las,
disfarçamos seu sabor com um pouco de mel,
ou acabamos por nos acostumar com seu azedume,
até chegar o dia em que nem iremos mais notá-lo.
Mas sabemos, no nosso âmago,
que elas permanecem verdes e indegustáveis.
Somente quando alcançarem a maturidade
poderão nos proporcionar verdadeiros prazeres.
O problema é que algumas delas tornam-se pêcas,
apodrecem sem sequer ter amadurecido
e nunca servirão para o paladar de ninguém...''
* Imagem: Kurt Halsey
* Textos: Carina Mota

terça-feira, 8 de abril de 2008

Em plena descoberta...


Eu sou o que ninguém pode ver...

Eu sou os brinquedos que brinquei, as gírias que usei,os segredos que guardei. Eu sou minha praia preferida, aquele amor atordoado que vivi, a conversa séria que tive um dia com meus pais. Eu sou o que eu lembro, eu sou a saudade que sinto da minha vida, a infância que eu recordo, a dor de não ter dado certo. De não ter falado na hora. A emoção de um trecho de livro, a cena de rua que me arrancou, lárimas. Eu sou o que eu choro. Eu sou o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, a sensibilidade que grita, o carinho que permuto, os pedaços que junto. A gargalhada, o beijo. Eu sou o que eu desnudo. Eu sou a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, o ódio que tudo isso dá. Eu sou os direitos que tenho, os deveres que me obrigo, sou a estrada por onde corro atrás.
EU SOU O QUE NINGUÉM VÊ!
Não tente me entender, se nem eu mesma posso me compreender. Apenas caminho e tiro de cada gota de vida o que preciso para viver.

.°°.

Aprendendo a viver

Aprendi que às vezes sou pouco para os que valem à pena.
E muito pra os que pouco merecem.
Que a vida não é cruel comigo, eu sim sou cruel com minha própria vida
em determinados momentos.
Que se doar a alguém, não significa que estarei perdendo uma parte minha,
mas ganhando mais alguém dentro de mim mesma.
Que admitir erros dói (de verdade!!),
mas purifica o meu ser e me faz sentir vontade de querer ser cada vez melhor!
Que nada que temos fácil fica na nossa vida.
Coisas especiais são almejadas por muitos e merecem um
esforço significante para serem conquistadas.
Aprendi também que a gente dá aos outros o que a gente é.
Se dou amor, sou um enorme coração.
Se dou mentiras, sou pobreza de espírito.
E mesmo querendo ser só o melhor,
devo saber reconhecer quando às vezes sou apenas o pior!
Que orgulho alimenta o ego e a vaidade,
mas apodrece o espírito.
E se não tomamos cuidado, um dia será tarde para voltar atrás.
Aprendi (na prática!) que acaso não existe e o destino é severo.
E não importa onde você vá, se tiver de voltar um dia,
esteja preparado!
Que querer demais é tolice,
os melhores momentos da nossa vida são os mais simples.
Que não importa a justificativa para os seus atos.
Erros, são erros e devem ser reconhecidos como tal.
Que na insistência de esperarmos tudo do outro,
não damos nada de nós.
Aprendi que não sou a única que me machuco e me decepciono.
Todos que eu possa imaginar são humanos como eu
e esperam da mesma maneira ser feliz com alguém.
E que as vezes também os machuco.
Que pousar de vítima pra ser enxergado só nos torna dignos de pena
e de oportunidades vagas e pequenas na nossa vida.
E que palavras não são tão pouco assim...
Falar coisas bonitas faz muito bem a quem diz
e dão nova vida a quem ouve.
Que lutar por algo que se quer não é humilhante,
ainda que pareça e mesmo sendo difícil.
Devemos ter vergonha de acatar qualquer futilidade por medo de correr atrás.
Aprendi que ponderar sobre os atos é conveniente,
mas não devemos nos habituar a pensarmos demais.
Temos que estar atentos para o momento de agir...
as vezes até sem pensar previamente.
Que quando damos a cara a bater,
podemos receber um beijo inesperado... e MARCANTE!
Ou pode acontecer o contrário. Doar um beijo e receber um tapa.
Mas o ideal é saber separar as coisas:
Não é porque o outro é mesquinho que eu devo ser também.
Aprendi que coisas banais a gente ignora.
Alimentar sentimentos pequenos, nos leva ao fundo do poço.
Que a gente não precisa sorrir quando está triste,
só pra satisfazer a necessidade de terceiros.
Seus verdadeiros amigos vão entender que você é feito de emoções.
Mas também sei que um sorriso sempre vale a pena.
Pode não parecer, mas mesmo quando tudo escurece por dentro,
um sorriso acende um ponta de luz no nosso dia!
Descobri que amor é troca, e NUNCA disputa!!
E o que eu mais aprendi foi que eu sou bem menos do que eu acreditava ser.

Mas isso não significa que sou inferior e sim que tenho muito pra crescer nessa vida!!

* Imagem: Kurt Halsey
* Texto: Carina Mota

Buscando me perder...


Estranha...

Tragam-me algo que me acorde os sentidos. Um álcool forte. Um impacto súbito. Um amoníaco. Uma droga. Um berro que se faça ouvir. Mostrem-me algo que faça sentido. Sentidos precisam de sentido. A vida, essa a mim parece um grande nonsense desprovido de sentido pleno. Falta uma palavra-chave ou a última peça do quebra-cabeça. Falta um por que definitivo para todos os comos, quandos, ondes e quens. E quanto mais prossigo menos sentido faço, menos sentido vejo nas coisas, nas pessoas, no tempo. Eu vivo. Mas e daí? Vivo apenas. Vivo com a sensação de faltar algo visceral. Não sou triste nem feliz. Não sou mais nem sou menos. Sem escolhas, cumpro a existência. De tanto existir achei que pudesse alcançar um sentido. Mas não. Nenhum sentido. Passeio entre o moto-contínuo e o fogo fátuo, entre o ufanismo e a hipocrisia. Pior é se ver de fora do “Grande Teatro”. Representasse bem eu, e talvez o papel me trouxesse ao menos um falso sentido. Mas não represento. Pelo menos, não mais. Não fui boa atriz neste estrondoso espetáculo. Fui um fracasso dramatúrgico.


Falaram-me uma vez que o sentido estava no amor. De fato, em todas as vezes que amei de amor, tive a ilusão de ter todos os sentidos exacerbados e de fazer todo o sentido do mundo. Na experiência do amor havia uma espécie de sagração, uma facilidade imensa de saber explicar-me. Eram experiências entorpecentes. Nada ao redor havia mudado. Mas o olhar de quem ama jamais se convence dessas imobilizações. O olhar de quem ama quer ver beleza, generosidade, cor e magia em movimento. Mas, talvez de tanto movimento, amores passam (não deveriam). E a relidade pós-euforia vai constatar, por repetidas vezes, que nada mudou. Ninguém mudou. É alucinógena a condição de quem ama, de um modo geral. Uma extasiante e deliciosa alucinação. Válida seria se não fosse tão entorpecente e se nos impedisse de, logo adiante quando o amor acaba, darmos de cara com a consciência dessa alucinação. E quanto mais consciência menos sentido.


Strauss dizia que "tudo oferece um sentido, senão nada faz sentido". Mas o sentido que tudo oferece, aos meus olhos, é uma tremenda falta de sentido. Uma loucura. Uma inversão. Uma subversão. Um passatempo enquanto a gente espera pelo último de nossos dias.


O que falta mesmo é sentido. Talvez não haja profundezas, talvez não devêssemos colocar tantas expectativas em SER. Ou talvez eu não pertença a este mundo, que parece não ter nada de meu e onde seria uma estranha visita, sentada na ponta do sofá.
É isso...

* Imagem: Kurt Halsey
* Texto - fonte:
http://www.quelquechose.net/qq/arquivos/2004_04.html




Consolo na Praia
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias precipitar-te,
de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.


(Carlos Drummond de Andrade)


Refletir.. =/

Odeio essas minhas reflexões.
Só fazem me sentir pior do que já sou.. No sentimento incubado de inutilidade, me sinto obrigada a rever minhas últimas atitudes...
E o que os outros pensam? Bom.. nesse último, meu egocentrismo nunca me deixou ir muito além.
Mas eu já não estou tão preocupada com as coisas e não quero me preocupar (não sei se isso é bom ou ruim), quero me alienar o máximo possível, porque ficar preocupada, como eu fazia alguns anos atrás, não dá certo.

Me destrói mais que me ajuda!!





segunda-feira, 7 de abril de 2008

Começando...



Um novo ciclo se inicia em minha vida... Não sei onde comecei, nem onde irei parar. Mas esse ar de novidade me excita.
Sei que por muitas vezes quis sentir no meu paladar o sabor das minhas intimidades mais antigas, quis saborear o já conhecido e me privar de surpresas, mas agora acho que o fato de não mais saber o que realmente quero, me pôs de frente a infindas possibilidades diferentes... não sei dizer se boas, se ruins, se estas me levarão pra caminhos diferentes dos que já andei até então, se cedo ou tarde retornarei pro já tão batido e desgastado, mas que apesar de já decorado é sempre imprevisível..
Sei que sou uma pessoa recheada de passado, mas com sede de futuro. Ainda não sei o que isso significa e o que pode reservar pra mim, mas por enquanto tenho me preocupado pouco com essas questões...
Quero deixar que o 'viver' me leve pra qualquer lugar.. talvez dar vazão ao acaso seja a resposta pra todas as minhas dúvidas... talvez ele me leve pro que eu quero, ou me afaste do que preciso evitar. Ou talvez me deixe aqui, onde talvez seja o meu lugar...
Diante de tantos 'talvez' é que prefiro parar de pensar tão profundamente e apenas fluir...




* Imagem: Kurt Halsey
* Texto: Carina Mota