domingo, 27 de março de 2011

Tempestade...

Não há tempo pra sentir. Cansada de escrever minhas dores, cansada de amenizar amores. E a vida real é seca e não há criatividade poética no apressar das horas. Os dias passam como rolos compressores que esmagam o desejo - e a necessidade - de emergir do poço fundo dos compromissos para respirar o ar dos sonhos mais fantasiosos e cor de azul.
Não há tempo de mim para mim mesma, não sobra tempo para que me enxergue na frente da imagem que mal vejo no espelho. Não sou mais eu, sou apenas mais uma. Viro, em 24 horas de 7 dias da semana aquela que faz uso de mim e só, e sozinha. O relógio, agora tão íntimo, é o único que me acompanha, o único que jamais irá parar para me escutar. Ele berra em meus ouvidos: Avante! Avante!
E o coração, desordenado de tempo e espaço, aquele pedaço desejante de todos os seres humanos que fui e vi, carregado no fundo estreito do meu peito, que apertado em si, salta pra fora, agora encontra-se coagido pela frieza das horas que passam. Esse pedaço que lateja meus sonhos, que não separa passado e futuro, que não conhece a emergência do presente, urge por um tempo para poder bater. Meu coração nunca mais parou pra respirar.