quarta-feira, 9 de abril de 2008

Oscilando

‘Percebi em mim um grande problema...
uma infantilidade tamanha que até hoje não me deixou ser feliz.
Preciso urgentemente parar com essa minha psicologia disfarçada
onde eu procuro pessoas-problema para tratar achando que as tornarei melhores do que são...
Tenho que me dar conta de que meu coração precisa de amores, não de pacientes.
E que essa é a minha vida sentimental, não um consultório terapeutico.
Ainda acabo pirando nessa brincadeira...’





[...]



Estou me sentindo como um corpo morto. O peito está tão abafado, doído, agoniado... até respirar ta doendo. Não quero chorar, não posso mais chorar. Já cansei das tantas vezes que fiz isso, já não tenho mais cara pra me ver sofrer por esse mesmo motivo, mas por Deus, não sei fazer diferente... dói mais que saudade, que vontade recolhida, que lembrar, que sentir o vazio. Dói duma maneira que não sei definir. Perder uma vez machuca. Perder várias mata... e eu não agüento mais me perder nessa história. Perdi tanto de mim, tanto... e hoje já nem sei mais o que restou. E agora eu to me sentindo tão vulnerável, com tanto medo de passar por tudo aquilo novamente. Sofri tanto e superei tanto, e hoje estou aqui de novo, no mesmo lugar de onde eu achei que já havia me afastado às léguas. Passei todo esse tempo da minha vida presa numa caixa de espelhos que não me deixa ver nada além do que existe atrás de mim... à minha frente, nada! Dias e dias, horas de lamentação e tortura, de mágoas, choros, gritos e apelos à Deus e hoje eu vejo que continuo no mesmo maldito lugar. Não consigo pensar em mais absolutamente nada!! E me maltrata olhar pra trás e ver que de lá pra cá não construí nada além de expectativas... expectativas frustradas! Me sinto num vazio tão grande, que nem consigo enxergar o começo ou fim desse nada. Estou tão aflita, tão tensa, tão magoada. Me vejo caída no chão, como num desmaio, sem noção de nada, com medo de tudo. Um corpo frio e sem saber o que vai ser do próximo segundo. Uma vontade tão grande de dormir e acordar com tudo mudado, sem que nada disso tivesse acontecido... mas nem meu sono está em paz comigo hoje. O coração parece bater só pra manter o corpo, mas a alma se encolheu num canto qualquer aqui dentro, se escondeu dessa coisa toda por saber que não vem nada bom por ai, por já ter vivido esse martírio todo antes. Ai Deus... daria tudo pra saber como fazer as coisas que preciso pra estar em paz nos próximos dias da minha vida, faria tudo se pudesse. Mas não consigo ser diferente, não consigo mentir pra mim. Posso sorrir pra o mundo, mas o espelho me pega pela cintura, porque olhar em meus próprios olhos me põe de frente com o meu interior. E agora? Vai se repetir todo aquele inferno? Será que vou mais uma vez querer morrer pra fugir disso? Eu juro que queria esquecer, e tentei, me esforcei, mas é difícil demais, complicado demais... doloroso demais! Arrancar algo que me move, que me faz humana... é como se eu não pudesse arrancar isso do meu coração, e pra tê-lo fora de mim teria de me arrancar o coração pela raiz... e morrer. Tenho agüentado meios sorrisos, meias alegrias, meias entregas, meios beijos e abraços, meia felicidade... tenho agüentado viver pela metade, mas isso não ultrapassa minhas necessidades, porque nem sequer responde à elas. E ai? Faço como? Abandono tudo e encaro mais essa sozinha? Me finjo de bem resolvida e tatuo um sorriso amarelo em minha cara e peito o que vier pela frente, pra só chorar em casa, deitada em meu travesseiro quando enfim eu puder me sentir um lixo? Não sei mais... vivi isso por tanto tempo e ainda não sei lidar nem de longe com essa situação... e tenho pra mim que nunca vou aprender. A gente nunca aprende a perder o que se quer tanto... o que se ama tanto...


''Pessoas são como laranjas:
quando verdes são azedas e nós, na pressa de apreciá-las,
disfarçamos seu sabor com um pouco de mel,
ou acabamos por nos acostumar com seu azedume,
até chegar o dia em que nem iremos mais notá-lo.
Mas sabemos, no nosso âmago,
que elas permanecem verdes e indegustáveis.
Somente quando alcançarem a maturidade
poderão nos proporcionar verdadeiros prazeres.
O problema é que algumas delas tornam-se pêcas,
apodrecem sem sequer ter amadurecido
e nunca servirão para o paladar de ninguém...''
* Imagem: Kurt Halsey
* Textos: Carina Mota

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