sábado, 31 de julho de 2010

Conto de um amor inteiro


E eu te vi tão imerso em mim que pela primeira vez na vida me senti completa. Naquele momento em que seus olhos, por entre carros e pessoas, enxergavam somente a mim e que seu ouvido, imune ao som infernal de buzinas e gritarias, escutava até o som dos meus pêlos se arrepiando, ali eu senti um amor inédito, que atravessou toda a minha existência e me fez sentir que te pertenci antes mesmo de te encontrar.
Nos teus olhos eu vi verdade em todos os contos de amor mais ilógicos, mais resistentes e mais fantasiosos. Acreditei em almas-gêmeas, metade da laranja e em tudo que explicasse uma ligação sobrenatural entre dois mortais tão comuns como nós dois. Ali eu te vi como se fosse pela primeira vez, me apaixonei por esse apaixonar intenso que estourou em meu peito.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tão implícito...


Entrou naquela sala como quem não trazia nada além de um "Bom Dia" engasgado de ponta a ponta. E sorriu por último para quem de fato te interessava, tentando demonstrar o contrário. Mas foi na cadeira mais próxima, naquela que a colocava de frente para os olhos mais cheios do que dizer, que ela se sentou. E rabiscando em folhas brancas, para fazer algo paralelo ao papo furado, tentou encobrir a vontade de passar o tempo respirando aquele ar que tinha um Q de romance guardado na gaveta.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Reclama, menina!


Estava evitando, mas carecia vir aqui deixar um rastro. Meu intento aqui seria de me sonegar, mas sei que acabarei sendo capturada. Tenho sido mais transparente do que me agrada, do que posso sustentar. Sou de me adulterar em explicações, mas ultimamente tá arriscado – quanto mais me escondo, mais me deixo ver. Hoje me consinto sem culpas: preciso me dizer, me escrever, me confessar. Mas vai ser mais um texto confuso-contraditório, se prepare.
Não sinto saudade nenhuma da última vez que tive raiva de mim, mas procurei modos de sentir de novo. Se houvesse em minha testa um botão "retroceder", esse só não estaria tão gasto se existisse também um "reiniciar". Tô tomando gosto por essa coisa de fazer burrada só pra garantir o remorso. E me sentindo usada pelos meus abusos de quem acha que tem arsenal suficiente pra sobreviver a cada queda. Decepções não só engordam como também matam.