segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Nua e crua... mas sempre lírica


Remexendo minhas coisas, vi quantos filhos as minhas tristezas e alegrias já geraram. Emoções, lembranças, desabafos, projetos... toda espécie de escrita já brotou de minhas mãos. E o prazer que isso me causa é inebriante! Diante disso é assustador e honroso perceber a minha paixão pelas palavras. A segurança de ter um confidente sigiloso e o fato de saber que nos meus momentos diante duma caneta e de um papel, ou sentada em frente ao computador crio uma relação de mim comigo mesma, onde ninguém consegue me desviar do meu eu, nada pode corromper minhas idéias, isso me deixa confortável e tranqüila de minhas conclusões posteriores a cada produto final.
Devo confessar que a minha face escrita é análoga à minha face comumente vista por qualquer um. Não por que escrevo um personagem, mas por viver, quase que invariavelmente dentro de pudores e regras que me solidificam como alguém que devo ser, mas que nem sempre quero ser. As entrelinhas da minha vida são um pouco mais profundas que todos os oceanos empilhados e talvez mais extensas que a linha do Equador. E só aqui, só assim me liberto, me permito e me conheço. Não me confino dentro de mim mesma, me expando, me dilato num horizonte que às vezes nem me compete, mas ainda assim desenho em mim bandeiras de possibilidades, torno meu querer vivo e licito, faço de mim chances e desejos, faço o que quero mesmo quando não posso. Vivo sem rédeas, sem concessões ou indeferimentos. Sou nua e crua, mas sempre lírica. Na verdade só aqui sou real. Vivo num mundo imaginário e num cenário conjuntamente construído e só debruçada em folhas e letras me sinto em casa, me sinto em mim.
Texto: Carina Mota

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