domingo, 30 de maio de 2010

Resto de quem não sou.


Não me reconheço mais. Me olho no espelho e tento achar um traço daquela mulher que me fazia bem, daquela de quem eu gostava, do "eu" que eu curtia ser.
Ter você na minha vida foi atravessar um longo e árduo processo de desindentificação - se é que existe esse termo. Tentando te conquistar eu fui tantas, fui mulheres tão diferentes, buscando encontrar em mim algo que pudesse te ganhar de vez. Brinquei de personagens dos mais diversos, por hora me diverti com muitos, mas também me machuquei por me forçar a barra tantas vezes. Fui do doce ao amargo, tentando achar o ponto certo pra te agradar. Me fiz de forte, me fiz de frágil, de todos os modos fui mulher pra você.
Estudando suas queixas, sabia que não era em mim que estava o erro, mas quis o consertar ainda assim. Fui a mulher centrada, que resiste à essa coisa tola de brincar de amor. Fui a mulher passional, que dá a cara ao tapa quando quer conquistar um homem. Fui a desencanada, moderninha, que assume seus desejos e não se faz dependente. Fui também aquela cheia de coragem pra dizer "eu te amo" nos momentos mais improváveis, mais inconstantes de nós dois.

Vermelho



Escuta essa : http://www.youtube.com/watch?v=N-mqhkuOF7s

Batom e unhas vermelhas, quis se sentir poderosa. Tinha o lado sobre ser mulher fatal, mas o vermelho vinha com mais, como símbolo da vida.
Ter nas mãos e na boca a cor da vitalidade é significar a sua vontade de ser forte. É ter em si marcada a paixão que a vida cobra.
Queria deixar um pouco a menina sensível, delicada e tão receptiva que sempre foi. Sentia que estava na hora de perder um pouco a docura nas palavras e dizer mais do que pensa e quer do que do que se espera ser ouvido. Tinha cansado dos amores que te montaram nas costas, estava afim de galopar na vida, sem eira nem beira, sem destino e deixando pra trás qualquer vestígio de passado.
Sentiu que ser mulher tinha se tornado mais do que existir, algo além de ser humano. Não porque era um ser essencialmente superior, mas porque a vida tentava lhe convencer que era tão frágil, mas berrava em sua cara para que tivesse força. E todos os dias precisava se provar que era capaz de assumir a tarefa . Mas tinha cansado disso também. Cansou de dar conta do recado, queria mesmo se rebelar e assim, revelar-se um pouco. Jogou água na maquiagem de "dama na mesa" e papeou um pouco mais com suas outras possibilidades.

sábado, 29 de maio de 2010

Gosto de abandono


Engraçado... adoro ficar sozinha, odeio me sentir só. Hoje os braços da solidão me pegaram pela cintura e eu me senti única no mundo. Cheia de alguém's pra procurar, cheia de alguém's pra esquecer, precisei me manter inerte. Estar sozinha me dá fome, mas nem o disk-pizza me atendeu, pra matar o meu vazio com uma barriga cheia.
É assustador ver personagens da sua vida indo e você ficando. E angustiante ver que quem ficou, precisaria ter partido. Hoje eu me senti só porque não quis ficar sozinha. Porque vontade e medo de procurar abrigo fazem o furo no peito virar um buraco negro.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O seu amor é ficção


Eu tô com nojo de você! Preciso começar assim, como se essas fossem as palavras mágicas pra dar início a um desabafo extremo. Tenho que te dizer, talvez ninguém nunca tenha dito ou notado. Sorrisos lindos, cheios de suspiros e insinuações de felicidade não fazem do seu modo de amar algo mais belo. Alguma mulher com quem já se deitou, dessas por quem você trocou o mundo por uma noite de prazer, alguma delas já questionou seus medos? E, ainda que questionando, já se arriscou a encarar seus muros?
Você profaniza as pessoas no prazer que arrancar delas. Mascarar gozos com ares de entusiasmo afetivo é pior do que discursar o mundo em promessas baratas e vazias.