terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobre amar...

...e hoje resolvi me permitir pensar em amor, em amores... e mais que isso, senti vontade de escrever sobre eles.
Amar é algo tão louco... diante das inúmeras coisas que já se foi escrita, das imensuráveis experiências já vividas, das tantas histórias já ouvidas, do fato dele existir antes mesmo do que se pode imaginar, ainda assim, parece à nós, novidades cada vez que nos deparamos com o fato de amar, gostar ou simplesmente querer alguém... somos todos aprendizes, eternos aprendizes do amor. Mesmo com aqueles que fazem parte de nossas vidas há anos, mesmo com aqueles que dormem e acordam ao nosso lado, mesmo com aqueles que conhecemos como a palma da nossa mão, quando pomos um pouco desse amor em jogo ou em prosa, tudo muda de cor e de face. E não saber o que fazer com isso tudo é a maior tormenta de qualquer ser humano. O risco de perder quem se ama, de nunca ser amado, de nunca ter amado, de estar a muito preso num amor que não responde às suas expectativas [sendo que o amor é sempre, sempre, invariavelmente, produtor de frutos, que não sejam pro outro, mas pro seu próprio coração]. Amar é um constante conflito.
Mas hoje, dessa vez, eu não quero soluções, não quero respostas. Hoje quero dimensões, extensões, perder a noção de espaço e de limite do quanto de mim já não é mais só meu. Quero pensar no quanto de mim eu já doei, compartilhei, perdi nas mãos de outro alguém. Quero renovar a sensação de ser mista, de ser mistura, de ser um todo inteiro de partes diferentes. Quero reacender a idéia de que meu livro tem páginas de variadas cores, tamanhos, perfumes... com histórias diferentes escritas com caligrafias incomparáveis uma as outras. Quero me permitir sentir na boca o sabor de tudo que já foi meu, e que hoje é de mim, que hoje me constitue. Nunca tive problemas em assumir que sou o todo feito das partes que já passaram por minha vida, nunca consegui aceitar a idéia de rejeitar algo que pra mim foi excepcional em determinado momento. Adoro a sensação de continuidade, de saber que passei por situações que ficaram pra trás, mas que me trouxeram pra frente. Acho uma delícia visitar o passado, rever fotos e sentimentos, perceber o quanto de mim mudou desde o dia em que aquela cena aconteceu. Adoro reler cartas, ouvir músicas, sentir perfumes, tocar mãos que despertaram em mim sentimentos inexplicáveis e indescritíveis. Perceber a sua própria evolução é algo primoroso... e o que me orgulha de tudo isso é que sofri muito, o bastante pra me tornar dura e áspera. Mas consegui, ao longo das minhas quedas, me reerguer ainda mais sensível ao meu coração, enxergando pessoas como história e razão, onde a vida de cada um explica muito mais do que se pode contar.
Tenho amado muito ultimamente, amado de dor, amado de alma... amado com toda energia existente em mim e no que me ronda. Tenho pensado em cada instante que vivi, e a cada momento do meu dia, na intensidade dos amores que já tive e do que tenho hoje. É assustador esse processo crescente que se instala dentro da gente a cada vez que nos apaixonamos por alguém. Perdi a capacidade de gostar, de simpatizar... e junto com isso, perdi também a tolerância ao pouco. Me aceitei como um ser de intensidade. De demasia, de extremismo, de inteireza, de plenitude. Quero forte, quero muito, quero intenso. Quero sentir no ar o cheiro de estar apaixonada, quero ver no espelho os olhos brilharem, quero tremer na carne, quero arder na pele, quero respirar saudade e sentir gosto de paixão. Quero enlouquecer, quer viver ao pé da letra a sensação de amar alguém. Não mais aceitar alguém, não mais estar ao lado de alguém, nunca mais apenas ter um companheiro pra sair, beijar, e aprender a gostar.
Quero impacto, gosto do impacto.

Texto: Carina Mota

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Amor...

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar
Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor

Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Texto: Paulinho Moska

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Estava nesse exato momento pensando em escrever algo que despertasse em mim a leveza que sempre busquei em minha vida, algo que pudesse me transcender, elevar e purificar de meu peito toda essa constante sensação de lacuna, desejo contido, sonhos irrealizáveis, frustrações e todos os demais fantasmas de eras atrás.
Hoje, com esse sentimento de plenitude, não de vida, mas de pessoa, sinto que posso sim, me permitir abstrair de falhas e dores, de lagrimas de saudades que despertavam dor, e dar a elas uma cor diferente, que nunca tiveram antes. Pegar os retalhos de minha vida, cada caco de vidro que se quebrou, cada folha de papel arrancada e rasgada, juntar tudo e ver que bela obra de arte se criou. Perceber em cada traço e cada nota musical o quão bela me tornei.. e quão firme também. Dar-me hoje, mais que nunca, a ousadia de falar bem, muito bem de mim. Dar-me ao luxo de elogios e admirações até exacerbadas. Mas acima disso, falar do que me preenche duma forma que possam perceber que não apenas sofri, não somente morri durante todo esse tempo de minha tão original trajetória de vida. Ver-me de frente, não de cima, nem de baixo. Ver-me de olhos molhados, mas não de lagrimas, e sim de um brilho único e radiante. Ver o quanto me tornei mulher, e quão bela é a minha menina. Relembrar com coragem e sinceridade das minhas maiores derrotas, e refleti-las nas mais importantes conquistas da minha vida, aquelas que enriqueceram, antes de meu bolso, a minha alma, o meu álbum de fotografias ou até mesmo o meu arsenal de historias pra contar. Retocar momentos em que a covardia me fez vitima ou a vaidade me fez heroína. Perceber o quanto ser eu mesma, sem adições ou subtrações soa belo e saudável. Entender que me criei só, me montei aos poucos, e que ainda me preencho ao passar dos dias e dos fatos, mas, dentro de minha verdade, já sou imensa. Em tão poucos anos de vida tornei-me senhora do meu destino e mãe de meu passado. Antes, quando me considerava tanto, permitia que a minha teimosia me postasse diante de caminhos que nunca davam em lugar algum. Hoje, banhada por minha vontade de nunca reviver coisas insignificantes ou de pouco valor e futuro, dou preferência ao risco e à renovação.
Depois te tanto, muitas caras manjadas mudaram de cor e de forma [principalmente de forma], muitos rostos novos surgiram em minha frente... e muita permissão me foi concedida para ir adiante, vívida e radiante da minha certeza de poder chegar além. Conheci tanto do que sempre fez parte de minha vida e assim amei muito mais algumas coisas e esqueci outras sem que ao menos pudesse perceber, mas em minha naturalidade não me dei liberdade de odiar, aprendi que não devo me diminuir a ponto de odiar nada nem ninguém. Dei-me conta do peso da indiferença e que esta, comparada ao ódio, fere bem mais... e na maioria é bem mais merecida e conveniente. Vi limpidamente quantos me eram inteiros e reais, quantos permaneceram pegados às minhas mãos, mesmo quando eu os virei às costas, e quantos [e tantos] movidos por seu grandessíssimo egoísmo negavam dividir comigo mesma o meu próprio coração e destino. A quantos desses eu dei minha pura confiança, a quantos fechei meus olhos e abri meus braços...? Nem mesmo eu me lembro. Mas hoje, relendo esses trechos de meu passado, agradeço a cada um que fez de mim maior que eles, que serviram de calço para aquela perna manca, para aquele erro meu que me impedia de andar um pouco mais rápido e alcançar àqueles que estavam a minha frente. E olhando pra trás, vejo que estes de quem vos falo se mantêm exatamente onde eu os deixei... tanto em minha vida quanto na deles mesmos. Mantém-se em busca de outros e mais outros que possam viabilizar a eles uma oportunidade de sentirem-se grandes, mesmo sabendo que não são.
E assim, quando me encaro, me sinto, me ouço, me leio, me canto.. quando cedo um pouco de tempo a mim mesma, floresce em meu peito um sentimento que não pode ser explicado por quem não viveu, estando em meu lugar, a vida que levei. Desperta aqui dentro algo que todas as palavras já ditas e ouvidas juntas não transcrevem, mas que eu, e somente eu sei teu significado. E isso me deixa ainda mais feliz e à vontade, pois diante de todos os relatos e segredos de minha história notei o quão perigoso é se deixar ser vista sem roupas e pinturas. Eu, que nunca tive medo dos que me conhecem, que sempre temi mais àqueles que não se mostram, percebi, dentro dessas experiências que NINGUÉM me conhece, pois todos me distorcem [seja pro bem ou pro mau] e por isso, mostrar-me tão nua é um risco que não devo correr novamente.



Texto : Carina Mota, em 6 de fevereiro de 2008 ; 00:27:28

A gente aprende...

Aprendi que às vezes sou pouco para os que valem à pena.
E muito pra os que pouco merecem. Que a vida não é cruel comigo,
Eu sim sou cruel com minha própria vida em determinados momentos. Que se doar a alguém, não significa que estarei perdendo uma parte minha,
Mas ganhando mais alguém dentro de mim mesma. Que admitir erros dói (de verdade!!),
Mas purifica o meu ser e me faz sentir vontade de querer ser cada vez melhor! Que nada que temos fácil fica na nossa vida. Coisas especiais são almejadas por muitos
E merecem um esforço significante para serem conquistadas. Aprendi também que a gente dá aos outros o que a gente é. Se dou amor, sou um enorme coração. Se dou mentiras, sou pobreza de espírito. E mesmo querendo ser só o melhor,
Devo saber reconhecer quando às vezes sou apenas o pior! Que orgulho alimenta o ego e a vaidade, mas apodrece o espírito. E se não tomamos cuidado, um dia será tarde para voltar atrás. Aprendi (na prática!) que acaso não existe e o destino é severo.
E não importa aonde você vá. Se tiver de voltar um dia,
Esteja preparado! Que querer demais é tolice,
Os melhores momentos da nossa vida são os mais simples. Que na insistência de esperarmos tudo do outro,
Não damos nada de nós. Aprendi que não sou a única que me machuco e me decepciono. Todos que eu possa imaginar são humanos como eu
E esperam da mesma maneira ser feliz com alguém.
E que às vezes também os machuco. Aprendi que palavras não são tão pouco assim... Falar coisas bonitas faz muito bem a quem diz
E dão nova vida a quem ouve. Que lutar por algo que se quer não é humilhante,
Ainda que pareça e mesmo sendo difícil. Devemos ter vergonha de acatar qualquer futilidade por medo de correr atrás. Que quando damos a cara a bater, podemos receber um beijo inesperado... e MARCANTE!Ou pode acontecer o contrário. Doar um beijo e receber um tapa. Mas o ideal é saber separar as coisas: Não é porque o outro é mesquinho que eu devo ser também. Aprendi que coisas banais a gente ignora.
Alimentar sentimentos pequenos nos leva ao fundo do poço. Que a gente não precisa sorrir quando está triste, só pra satisfazer a necessidade de terceiros. Seus verdadeiros amigos vão entender que você é feito de emoções. Mas também sei que um sorriso sempre vale à pena.
Pode não parecer, mas mesmo quando tudo escurece por dentro,
Um sorriso acende uma ponta de luz no nosso dia!Descobri que amor é troca, e NUNCA disputa!! E o que eu mais aprendi foi que eu sou bem menos do que eu acreditava ser. Mas isso não significa que sou inferior e sim que tenho muito pra crescer nessa vida!!



Texto: Carina Mota [ em 18 de Janeiro de 2007 ]

Nua e crua... mas sempre lírica


Remexendo minhas coisas, vi quantos filhos as minhas tristezas e alegrias já geraram. Emoções, lembranças, desabafos, projetos... toda espécie de escrita já brotou de minhas mãos. E o prazer que isso me causa é inebriante! Diante disso é assustador e honroso perceber a minha paixão pelas palavras. A segurança de ter um confidente sigiloso e o fato de saber que nos meus momentos diante duma caneta e de um papel, ou sentada em frente ao computador crio uma relação de mim comigo mesma, onde ninguém consegue me desviar do meu eu, nada pode corromper minhas idéias, isso me deixa confortável e tranqüila de minhas conclusões posteriores a cada produto final.
Devo confessar que a minha face escrita é análoga à minha face comumente vista por qualquer um. Não por que escrevo um personagem, mas por viver, quase que invariavelmente dentro de pudores e regras que me solidificam como alguém que devo ser, mas que nem sempre quero ser. As entrelinhas da minha vida são um pouco mais profundas que todos os oceanos empilhados e talvez mais extensas que a linha do Equador. E só aqui, só assim me liberto, me permito e me conheço. Não me confino dentro de mim mesma, me expando, me dilato num horizonte que às vezes nem me compete, mas ainda assim desenho em mim bandeiras de possibilidades, torno meu querer vivo e licito, faço de mim chances e desejos, faço o que quero mesmo quando não posso. Vivo sem rédeas, sem concessões ou indeferimentos. Sou nua e crua, mas sempre lírica. Na verdade só aqui sou real. Vivo num mundo imaginário e num cenário conjuntamente construído e só debruçada em folhas e letras me sinto em casa, me sinto em mim.
Texto: Carina Mota