terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Vivemos esperando...


Todos nós temos nossas expectativas sobre o que seria importante encontrar para sermos felizes. Temos nossos objetos de desejo e busca, ficamos atentos e vigilantes sobre a possibilidade de cruzarmos com aquilo que esperamos ter para nos completar. 
Ai lá vamos nós, imaginando como seria a pessoa perfeita para nos acompanhar. Um cara sério, bem comportado, de boa família e que goste de tomar sorvete vendo filme. Ou um moreno atlético, que use camisas da Tommy, formado com um bom emprego e com um belo carro importado. Quem sabe um sujeito simples, que use moletom e camisa branca lisa com havaianas, mas me traga flores ou chocolate quando eu estiver de TPM?
E assim vamos formulando o nosso requisitos de exigência que hora ou outra inclui ou retira uma ou outra preferência em função de experiências passadas. Sabe como é, né? Um moreno atlético e bem vestido pode dar mais trabalho do que se pensa. E o carinha do moletom dorme até meio-dia e me compra as flores com o dinheiro da mesada que avó lhe dá. Já o carinha do sorvete só tem de defeito a mãe super-protetora que sonha que o filho único leve a nora pra morar com eles depois do casamento.
E o seu espelho, como vai? Porque é fácil traçar um perfil e esperar que surja alguém que tenha o que desejamos. Mas e nós? O que queremos de nós mesmos? E o que queremos dar para esse pobre coitado que está inocente por ai sem mal saber que está sendo caçado como plano perfeito?
Passamos a vida questionando o que não recebemos do João, acusando o Pedrinho por todo nosso fracasso amoroso, o Marcelo pelo tanto de sonhos e planos que construímos em nossa cabeça romântica, o Carlos pelos nomes dos filhos que nunca teremos e o Luiz pelas 50 fotos de modelos de vestidos de noiva que temos salva no nosso PC, mas nunca vamos usar.
E quem passa meses ou anos do lado de alguém que só nos fez sofrer por pura obrigação? Quem enganosamente acredita que não somos levados a escolher, ainda que seja na passividade, estar ao lado de alguém que não é exatamente o que esperávamos? E o que existe de real nesse modelo ideal (com toda contradição que me é possível)? Você ai, quer namorar o cara da repartição vizinha que sempre se preocupa em trazer um cafézinho quando o dia tá frio ou uma água quando o calor é demais (mesmo que nem sempre ele combine as meias de listras vermelhas e verdes com o terno azul escuro), ou aquele carinha que fez 'Um Amor Pra Recordar' e só existe pra tal Mandy Moore da ficção? Vai tolerar que todo mundo tem defeitos (inclusive você) ou vai achar que esse é um discurso bonito só para frases do Tumblr??
Não é o que devemos esperar dos outros que nos torna sábios sobre a nossa felicidade. É o que podemos esperar de nós, de nossas fragilidades e potenciais, é conhecer onde a nossa dor aperta e o que somos capazes de superar, é entender que cada um tem em si a capacidade de transpor nossas fraquezas para crescer se não quisermos perder o que nos parece soar como felicidade. 
Não é o que esperamos do outro, é o que sabemos de nós, é o que doamos de nós.  Quem muito quer pra si, pouco pode dar para os outros.
E então, o que você deseja?

Texto: Carina Mota

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