sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cansei do amor

Pois é, cansei do amor!
Cansei de escrever tanto sobre uma coisa que ninguém sabe ao certo o que é. O amor escrito é um conjugado de suposições pessoais, um amontoado de expectativas, uma tonelada de sonhos juvenis aprendidos nos contos de fadas, nos filmes hollywoodianos ou nas novelas mexicanas. O amor é aquilo que nos faz deixar de enxergar a realidade para buscar o inalcançável, é o que nos faz esperar pelo impossível, testar as resistência do real até que ele seja luído em cada centímetro. 
Nós nos escondemos nesse tal amor inexistente, nesse sentimento que apenas Julietta e Romeu viveram em um sonho criativo de Shakespeare. Por trás desse amor ninguém é suficientemente bom, nenhum homem ou mulher é capaz de se fazer aceito.
Esse tal amor idealiza o perfeito, escava passados limpos, futuros brilhantes sem raladuras, sem trincar o vidro rígido que separa um ser humano do outro. 
Cansei mesmo dessas tantas expectativas frustradas, de falar de um amor ferido por não ter dado conta de se realizar e se sustentar com os dias tão tensos que vivemos. Me enjoei dessa busca sublime de um amor quadrado e rosado, cheirando a pureza e tolerância infinita, desse amor sem brechas, sem culpas, sem espinhos. Deu pra mim essa história de casal compatível em seus detalhes, de superar tudo em prol do sentimento, da supremacia do amor àquele que te fere, te falta, te substitui. 
Isso não pode ser amor. Mas se for, cansei dele. Quero achar, talvez descobrir, quem sabe inventar, outro modo de estar para alguém. Desejo um sentimento menos comercial, que nem combine tanto com as propagandas de margarina, que não apareça nas novelas da Globo, e que nem chegue a ser indicado ao Oscar nos filmes americanos. 
Só é amor o que é infinito, incondicional, tolerante? Desculpem-me a ingenuidade, mas... isso faz alguém feliz? Onde está esse sentimento real, do dia-a-dia, que cansa, que questiona, que duvida, que desiste? Onde está a ambiguidade, o direito de se enraivecer daquele para quem dedicamos dias, pensamentos, planos? 
Eu preciso encontrá-lo em algum canto, seja em textos confuso, seja em músicas cafonas enterradas no fundo de uma caixa de LP's, seja onde for. Preciso encontrá-lo para saber que ele existe, acontece, e que as pessoas se dão conta disso. Preciso acreditar que existem outros modos de amar, que não tão absoluto, como se isso me certificasse de que sou capaz de amar alguém. 

Um comentário:

  1. O amor nada mais é que o espelho de nós que procuramos nos outros.

    Por isso,
    Digo: Deixe-me sorrir, com todos os dentes!
    Que no findo tempo de uma existência, restará uma leve obsolescência, de um dia haver sorrido.

    Lindo texto moça !
    Fica(m) o(s) comentários.
    Te cuida !
    Beijo.
    XD

    ResponderExcluir

E aqui, qualquer carinho é bem-vindo =D