sábado, 31 de julho de 2010

Conto de um amor inteiro


E eu te vi tão imerso em mim que pela primeira vez na vida me senti completa. Naquele momento em que seus olhos, por entre carros e pessoas, enxergavam somente a mim e que seu ouvido, imune ao som infernal de buzinas e gritarias, escutava até o som dos meus pêlos se arrepiando, ali eu senti um amor inédito, que atravessou toda a minha existência e me fez sentir que te pertenci antes mesmo de te encontrar.
Nos teus olhos eu vi verdade em todos os contos de amor mais ilógicos, mais resistentes e mais fantasiosos. Acreditei em almas-gêmeas, metade da laranja e em tudo que explicasse uma ligação sobrenatural entre dois mortais tão comuns como nós dois. Ali eu te vi como se fosse pela primeira vez, me apaixonei por esse apaixonar intenso que estourou em meu peito.
E o passar de cenas felizes vividas por nós durou um único segundo rodando em minha cabeça que mal sabia o que pensar, porque só conseguia se dar conta da tua existência tão bela ali na minha frente, me esperando de braços abertos com o mundo guardado no peito. Senti um cheiro tão doce e deixei de achar tola essa coisa de que, quando apaixonados, nossos sentidos quase alucinam, despertos para todo e qualquer estímulo ligado ao outro. E antes de dar o primeiro passo eu já senti seu toque, que foi intensificando-se a cada centímetro que caminhava em tua direção. Pele se abrindo em flor e então suas mãos derreteram sobre meus braços, como que quisesse se misturar a mim. Só queria te olhar, queria captar cada instante do teu riso bobo, largo, fundo, que me mostrava o mais cavado do teu peito, transbordando de gratidão por poder materializar teus sonhos no meu sorriso. Queria olhar teus olhos latejando palavras indizíveis, com pupílas tão dilatadas quanto o meu coração, que a essa hora me escapava do corpo. E te beijar ali, tão entregue no meio daquela multidão de estranhos indiferentes, foi coroar a minha sorte em ser premiada com aquilo que cada ser humano deseja sentir todos os dias da sua existência, até que chegue a morte: ser correspondido ao amar, estar num outro que está também em si, segundos que sejam de uma completude inexplicável e somente alcançada no amor.
Nesse momento de um romantismo tão insano, irreal e fantástico eu tive vontade de que nada no mundo se movesse, nem eu e você. Tive medo de que qualquer alteração pudesse colocar tudo a perder, que a atmosfera de intensidade e leveza que nos prendia ao outro pudesse desandar e dissolver em segundos. Mas incrivelmente a gente esquece de todos os nossos medos quando no sentimos abraçados por completo por alguém tão nosso. E voltei a ser feliz sem rédeas, porque o amor ali me tomou de assalto... completamente! E voltei a te amar por inteiro...

Texto: Carina Mota

Um comentário:

  1. CARALHO manzinha... Vc não é só boa não, vc é incrível. Lendo seu texto, consigo sentir cada sensação ditada por vc, ouvi inclusive o som dos meus pêlos se arrepiando a cada linha lida.
    Muito orgulho de ser sua irmã viu?
    Parabéns

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