segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vá entender!

Mais uma vez estou precisando me reconstruir. Nunca tive tantas certezas e ainda assim tantas dúvidas. Investi errado, abusei no desapego e acabei aqui, do lado de fora da minha vida. Estou tentando agora buscar saídas, mas nem ao menos sei onde eu estou. E pior, não sei pra onde quero ir. Só sei que não consigo mais ficar assim, sem estar em lugar nenhum, sem sentir ao menos que estou. Sempre falei dessa coisa de vazio, de não sentir, de sentir nada... mas agora é tão estranho estar de fato vivendo isso. Parece que criei a teoria pra depois partir pra prática. Moldei todos os modos de sentir aos poucos, testanto cada sensação aos pouquinhos. Que ridículo se preparar tanto pra deixar de sentir.
Desconstruí todos os meus maiores esforços, joguei água no meu castelinho de areia porque queria construir outro no lugar e agora resolvi que não quero mais. Nem castelo, nem o não castelo. Acho que não quero mesmo é ter o trabalho de me remontar, de pegar minha vida e reciclar as burradas que cometi pra ver se um dia chego perto do acerto, se uma vez lá no meu futuro que nunca chega eu consigo passar perto dele de raspão. Nunca me desentendi tanto comigo mesma. Aliás, nem sei bem se é um desentendimento (sentiu o nível da confusão?). Até acho que sei o que quero, mas não sei bem se quero mesmo. Pensa comigo: até que ponto é humano saber que algo precisa ser feito, mas pra isso você tem que se jogar inteirinho fora? Não dramatizei, acredite! Sei que tenho esse costume, mas agora perdi a minha escência de exagero, aquela coisa esbaforida que por não ter uma palavra que explique a gente acaba usando todas, mas nem assim explica. É, tô mesmo nesse momento, mas não consigo me intensificar.
Tô tão morna, que tô sentindo minha vida passando, minhas portas abertas se fechando e minha vontade idiota de reabrir as que fechei. Eu sei exatamente pra que lado fica o caminho certo, mas não sei de certo se é o certo que quero agora. Me deu uma vontade súbita de ser diferente de tudo que eu ja fui, pra ver se a vida muda também. Mas e os presentes que ganhei depois de resolver não complicar as coisas? Mas e o meu canto feliz que tá pulsando baixo aqui dentro, pedindo pelo amor de Deus pra não jogar meu coração pra galera e ver que pisa nele mais bonito?
Acho que sou uma neurótica compulsiva, daquelas que não vive sem angústia, que acha um absurdo ser feliz e quer mesmo um soco na boca do estômago pra sentir o gosto das coisas que a gente guarda aqui dentro. Tô pedindo pra crescer pra baixo, enquanto um gindaste tá se balançando aqui na minha cabeça, prometendo me levar pro céu pra ver a vida de um ângulo tão solto e leve.
E eu que quero, mas não sei até onde quero querer, fico aqui vagando entre as minhas vontades e minhas insanidades, que no fim são a mesma coisa, mas com desejos diferentes.
Se pudesse, guardava no meu quarto, lá naquela caixinha perfumada de sorrisos e boas lembranças, essa felicidade tão viva, tão linda e terna, pra poder abrir e sentir todos os dias um pouquinho. Ah, se ela fosse solta, independente, sem precisar comprometer mais ninguém. E ah também, se eu fosse menos tola ou tentasse ser menos esperta.
Tô sentindo que, cedo ou tarde, eu páro pra escrever sobre a minha insistência em ser idiota e pisar no meu jardim que rara a ser florido, mas que eu nunca deixo perdurar.

Texto: Carina Mota

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