domingo, 12 de abril de 2009

Ele ou eu?!?


Essa já deve ser a quarta ou quinta vez que tento escrever sobre ele. Não que me faltem coisas pra falar. Muito pelo contrário. Ele sempre me faz ter o que dizer sobre ele. Acho que o que falta na verdade não é assunto, e sim coragem.

Os minutos, horas ou até dias que me dediquei a escrever sobre algo, sempre falavam do que incomodava, me feria, me doia, me fazia mal. De repente me vejo aqui, cheia de coisas pra falar, mas sem saber como fazer, pois minha mente parece ter se acomodado a falar mal da vida, a cobrar mudanças, a pedir socorro e a questionar a realidade.



Não que a presença dele na minha vida tenha acalmado todas as minhas inquietudes e calado todas as minhas súplicas (há de nascer o homem, ou melhor, o ser humano que será capaz de dar conta de mim por inteiro). Mas hoje vivo um momento novo, um momento que - preciso ser forte pra assumir isso - não me recordo ter vivido durante esses últimos tempos.

O amor sempre me fez disputar e perder. Sempre tive que sentir os mais amargos sabores em meus relacionamentos pra poder me dar conta de que sempre investi em verdadeiras barcas furadas. Nunca, até onde me recordo, tive a sensação de andar de mãos dadas com alguém, de caminhar lado a lado do homem para o qual estivesse dedicando meus passos (e dias).

Tenho que pontuar, obviamente, que não tenho natureza de quem assume o papel de mulher satisfeita. Sempre vai me faltar algo, seja por conta dele, seja por conta da minha insatisfação que já é quase viceral, biológica. Claro, sempre me surgem questões, medos, inseguranças e resistências. E mesmo que um dia ele caísse de pára-quedas dentro de um estádio de futebol super lotado pra pedir minha mão em casamento, junto com um coro super organizado gritando "ele te ama, ele te ama!", eu ainda teria meu "e se" marcando presença. Não tem jeito, é de mim.

Mas essa não é a questão do texto. A questão é que quero falar dele, quero falar bem dele. Porque me sobram motivos, vontade, alegria e espaço. Mas também me sobram algumas marcas do passado que insistem em esvaziar a piscina toda vez que eu preparo um duplo carpado ornamental. E quem mergulha de cabeça no azuleijo é outra. Jaz aqui essa inocência que há de nunca mais me assombrar.

E novamente eu o deixo de lado pra falar de mim, pra surrar meu passado ao invés de abraçar meu presente com força. Tudo que queria dizer era que ele me faz bem, me faz muito bem. E eu fico contemplando essa felicidade sem saber o que dizer dela. Não desaprendi a reconhecer meus sintomas de paixonite, mas desaprendi a lidar com eles.

Ou será que não? Tenho sido tão declaradamente apaixonada. Mas será pra ele ou pra mim? Será que quero que ele perceba que me conquistou, ou será que eu quero perceber que ainda sou capaz de me deixar conquistar por alguém?

Desisto. Mais uma vez fugi de meu propósito.

Mas de qualquer maneira, está ai o texto. E mais outros virão.

Espero que os próximos venham não só pra que eu pare de maldizer a vida, mas que eu possa ter liberdade, prazer e segurança de bemdizer do amor.

Que eu possa, na verdade, falar dele e deixe um pouco de falar de mim. Apesar de que, pra mim, eu e ele temos sido um assunto só.

Texto:
Carina Mota

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aqui, qualquer carinho é bem-vindo =D